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Romero Jucá traz uma reflexão sobre quanto custa cuidar do meio ambiente

Quanto custa cuidar do meio ambiente?

Neste dia 5 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente. E nunca nos preocupamos tanto com esse tema como agora. Os dados são alarmantes e mostram que a frequência de eventos climáticos extremos está aumentando no mundo inteiro. 

 

O Brasil está incluído nisso. Conforme um relatório da Organização Meteorológica Mundial, a OMM, o Brasil teve 12 eventos climáticos extremos em 2023. O estudo mapeou ondas de calor, inundações, secas extremas e até um ciclone extratropical. 

 

Este ano, a inundação histórica e sem precedentes que atinge o Rio Grande do Sul fortaleceu o alerta sobre a importância de revermos alguns dos nossos comportamentos em relação ao planeta. 

 

Afinal, está comprovado que os desastres naturais geram consequências para a economia, para a nossa qualidade de vida e principalmente, para a nossa saúde. Então, quanto custa cuidar do meio ambiente?

 

Rio Grande do Sul: Um impacto ainda sem medidas

Na economia, os pesquisadores ainda não chegaram a um consenso sobre os prejuízos causados pelas inundações. Contudo, estima-se que esse evento pode causar uma redução do PIB Nacional. Isso porque o Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 6% do PIB do país. 

 

Mas, o impacto vai além disso, e pode afetar muito mais famílias brasileiras. Aqui, cabe falar do arroz, por exemplo. Sem a produção do Rio Grande do Sul, o preço do produto subiu e houve até racionamento nos supermercados. 

 

Assim, para garantir o acesso ao arroz por um preço justo, o Governo Federal decidiu importar o produto. A medida prevê a venda do quilo do arroz beneficiado a R$ 4. A compra seria feita pela CONAB, em um leilão previsto para esta semana. Porém, a Confederação Nacional da Agricultura, assim como representantes dos setores produtivos, entraram com uma ação no Superior Tribunal Federal para anular a medida. Portanto, até o momento, não há uma decisão final sobre o tema. 

 

Mas, quanto custa investir na preservação?

O exemplo da importação do arroz é apenas uma amostra dos impactos que um desastre ambiental pode gerar. Porém, há custos ainda maiores e até imensuráveis. ë só olhar como esse evento afetou a vida das pessoas. 

 

Hoje, o Rio Grande do Sul tem cerca de 600 mil desabrigados. E grande parte deles não tem mais para onde voltar. O número de vítimas chegou a 172. E pode ser maior, porque as autoridades seguem procurando por desaparecidos. 

 

Portanto, essa é uma tragédia que reforça o alerta sobre os riscos dos desastres ambientais cada vez mais comuns. Mas, quanto custa de fato, investir na preservação?

 

Não existe um dado específico e único sobre isso. Contudo, um estudo publicado na revista Perspectives in Ecology and Conservation, em 2022, traz um cálculo de quanto custaria para transformar 80% da Amazônia em áreas de conservação.

 

O estudo mostra que o Brasil teria que gastar entre 1,7 e 2,8 bilhões de dólares por ano para proteger 3,5 milhões de km2 da floresta. É um custo alto, considerando que em 2022, o orçamento total do Ministério do Meio Ambiente, foi de R$ 3,1 bilhões. 

 

Em contrapartida, é um valor ainda menor do que a União Europeia gasta por ano para manter apenas 1 milhão de hectares, que é a soma total de suas áreas protegidas. Por lá, esse custo era de 5,3 bilhões de dólares por ano.

 

Mudar a nossa relação com o meio ambiente é um bom negócio

Eu tenho dito que salvar o planeta é o negócio do futuro. No entanto, mais que uma força de expressão, essa frase tem um real significado quando entendemos a necessidade urgente de mudar a nossa relação com o meio ambiente. 

 

Nós precisamos correr atrás do prejuízo de décadas de exploração, onde não tínhamos a consciência de como o equilíbrio ambiental é importante para as nossas vidas e até para os negócios.

 

O apelo é antigo. Mas são as consequências dos desastres naturais de agora que estão nos mobilizando à ação. E existem grandes oportunidades neste contexto. O Brasil, por exemplo, tem potencial para atuar no mercado de carbono, incentivando inclusive, os produtores a ganharem dinheiro com a preservação. 

 

Portanto, o nosso país tem tudo para ser um grande protagonista na implementação de ações rentáveis que ajudem na preservação do meio ambiente e, consequentemente, da vida das pessoas. 

 

Mas, para isso acontecer, nós precisamos entender que mudar a nossa relação com o meio ambiente é urgente. E entender essa necessidade como um campo fértil de oportunidades.

Por Romero Jucá, consultor- chefe da Blue Solution

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